Petrobras volta a lucrar e “dar orgulho aos brasileiros”, dizem analistas
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Fonte: Notícias bol
A Petrobras, que enfrentou a maior crise de sua história nos últimos anos, resultado de políticas intervencionistas e de casos de corrupção, anunciou seu primeiro resultado anual positivo depois de quatro anos consecutivos de perdas.
No ano passado, a estatal poderia lucro líquido de R$ 25,78 milhões de dólares, abaixo do nível de us$ 31 bilhões esperados por analistas do mercado financeiro.
Benefícios e “o orgulho dos brasileiros”
“Depois de um período negro, em que a dívida da empresa chegou a mais de US$ 100 bilhões, a Petrobras volta a ser rentável e dar orgulho aos brasileiros”, disse Adriano Pires, sócio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). “Se a empresa fosse privada, com essa dívida tivesse entrado em recuperação judicial”, acrescentou.
Pires, que atua há mais de 30 anos na área de energia, disse que a Petrobras foi praticamente reconstruída com um plano baseado nos quatro pilares da nova política de preços, desinvestimentos, redução de custos e investimentos em bens de capital) que começam a dar retorno. A estatal, que chegou a ter cerca de 400 mil funcionários (300 mil deles terceirizados), reduziu-se para cerca de 100 mil (60 mil deles, agora o boletim oficial).
Gestão mais responsável na empresa
“Talvez agora, a Petrobras está menos preocupado em resolver os seus problemas financeiros e saia em busca de alavancagem de apenas 1,5 vez, como a maioria das multinacionais dessa área”, disse Pires. A alavancagem é um tipo de estratégia na qual as empresas se valem para aumentar ou multiplicar o potencial de investimento, mas com dinheiro de terceiros.
No ano passado, a estatal chegou a ter uma alavancagem de 5,1 vezes. Com a reestruturação financeira iniciada no governo de deus e a redução de custos de US$ 3,4 bilhões para US$ 1,3 bilhão, a estatal conseguiu o ano passado reduzir esta alavancagem.
Venda de empresas fora do negócio principal
“Eu acho que a Petrobras continuará com seu programa de desinvestimento em áreas que não têm nada que ver com o seu ‘core business’ [principal], e a venda de sua participação em empresas como Braskem e Equipamentos, além de participar da BR Distribuidora, de refinarias e oleodutos. Temos que colocar na nossa cabeça que a Petrobras não é um estado, é uma empresa de capital misto, com investidores aqui e no exterior”, disse Pires.
Avalia-Se também que a Petrobras deve se concentrar agora em investimentos na produção de óleo e gás em águas profundas (pré-sal), com o que a sua produção pode chegar a 4 milhões de barris por dia, já em 2022, diante de 2,63 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed).
“Creio, porém, ser um erro de fazer projeções sobre a produção da Petrobras, quando o mais importante é mostrar o que o Brasil produz. A produção brasileira é diferente da produção apenas para o estado”, disse o especialista.
De acordo com as projeções do CBIE, a produção brasileira de petróleo e gás em 2022 (inclui Petrobras) pode ser de 4,7 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed).
Geração de caixa é o mais importante agora
Gabriel Fonseca, analista da XP Investimentos, disse que o que importa agora é o fato de a Petrobras estar gerando caixa, diante do endividamento, que ainda tem. Avalia-Se que a situação da estatal hoje em dia é mais forte do que nos últimos anos, mas ainda não está tudo pronto e resolvido.
“A empresa tem ainda mais esforços a fazer, principalmente em relação a custos. Além disso, tem o objetivo de desinvestimento de US$ 26,9 milhões de dólares até 2023”, afirmou o analista da XP.
Estes recursos devem ser utilizados para reduzir ainda mais a dívida da estatal. Mas, disse Fonseca, “plano de venda de ativos é sempre um risco por causa de uma possível judicialização, principalmente diante das discussões sobre a necessidade ou não de autorização do Legislativo e do Judiciário”