A startup VerdeMed, que tem entre seus fundadores, dirigentes e médicos do Brasil e da Colômbia, quer arrecadar cerca de US$ 20 milhões nos próximos dois anos para investir no desenvolvimento de medicamentos à base de cannabis. A primeira rodada de captação de US$ 6 milhões, atraiu o interesse de investidores brasileiros e pode ser fechada ainda em 2018. Outras duas operações estão previstas para o ano de 2019 e 2020 e, se os planos estão de acordo com o previsto, a meta é abrir o capital em 2021, no Canadá, sede da empresa. Os principais ativos da VerdeMed, cujo foco é o uso medicinal de canabinoides, serão os registros de medicamentos similares e inovadores em diferentes países da América Latina, e uma operação de cultivo e extração do óleo da planta na Colômbia.
O mercado potencial da região para a indústria de cannabis é estimado em US$ 24 bilhões e, além do Brasil, os parceiros estão movendo-se para lançar tratamentos com canabidiol (CBD) e tetraidocanabidiol (THC), na Colômbia, Chile e México. À frente da empresa está o brasileiro José Bacellar, que foi presidente da a bombril em meados dos anos 2000, em um momento de administração da companhia e da crise financeira, agravada por uma disputa entre os sócios, e com uma passagem pelo Canopy Growth, empresa canadense de cannabis medicinal, cujo valor de mercado chegou a US$ 10 bilhões. Quando a captação de recursos foi concluída, Bacellar e outros criadores do projeto, entre eles o executivo Nelson Margarido, responsável pela operação no Brasil, controlarão a empresa, por meio da celebração de VerdeMed Investments, com uma quota de 55%.
Segundo Bacellar, a VerdeMed nasceu com o aporte inicial de US$ 600 mil e duas frentes de estratégia, tendo em comum a produção de medicamentos por um parceiro no Canadá. A primeira compreende o registro de um medicamento similar ao Sativex, vendido sob a marca Mevatyl no país e, até agora, o único à base de cannabis registrado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – indicado para pacientes com esclerose múltipla.
No Caso de que o órgão regulador brasileiro, entenda que não é possível registar um similar para o Mevatyl, já que se trata de um fitomedicamento, a empresa começará a outros mercados latino-americanos. “A ideia é iniciar os registros pelo Brasil, já que as exigências da Anvisa são as mais altas da região”, disse Bacellar. Hoje em dia, o frasco do medicamento de referência, custa entre r$ 2,5 mil e R$ 2,8 mil. Em outra frente, a VerdeMed quer desenvolver um produto, uma cápsula de gel com THC e CBD, para o tratamento de distúrbios do sono.
Dos US$ 6 milhões que serão captados inicialmente, US$ 1 milhão foi aplicado no desenvolvimento de produtos, US$ 1 milhão para a licença de importação (já que a produção se concentrará inicialmente no Canadá) e a implantação de um laboratório de qualidade no país e US$ 1 milhão para despesas operacionais. Outros US$ 3 milhões serão aportados para expandir a operação de cultivo e extração de óleo de maconha na Colômbia. De acordo com Margarido, a primeira extração de óleo está prevista para 2019 e, no primeiro ano de atividade, a expectativa é de um faturamento de US$ 10 milhões. “O plano é atender o mercado colombiano. Para a produção de medicamentos no Canadá, vamos comprar a matéria-prima a nível local, com um custo mais baixo.”
A ideia, de acordo com Margarido, é atrair, de dois a quatro novos parceiros nesta rodada de capitalização e, para apresentar o potencial de mercado dos derivados da cannabis, a VerdeMed convidou a investidores qualificados e representantes de “family offices” para o encontro desta terça-feira em São Paulo. A data foi escolhida por causa da realização do primeiro Congresso Internacional de Medicina Canabinoide no país, o CannX Brazil. No Brasil, o primeiro medicamento da VerdeMed pode estar disponível em 2020, no caso de que o Organismo dê o aval para o registro do semelhante. No futuro, a ideia é oferecer similar do Epidiolex, da medicina à base de CBD para o tratamento de epilepsia infantil e que custa US$ 32,5 mil por ano. No país, disse Bacellar, há 6 mil famílias autorizadas a importar o tratamento, que ainda não foi registrado na Anvisa.
Fonte: Valor Econômico
Fonte: panoramafarmaceutico.com.br/2018/11/12/verdemed-investe-em-remédios-a-base-de-cannabis