ícone de categorias deNotícias ícone da data de publicação de 5 de dezembro de 2018.
Estudo do Ipea projeta cenários macroeconômicos até 2031
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Embora o governo brasileiro continue a redução dos gastos públicos primários, projeções realizadas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostram a necessidade de avanço na agenda de reformas macro e microeconômicas para tirar o país da crise e promover um crescimento económico sustentável. O estudo de Cenários Macroeconômicos para o período 2020-2031, divulgado nesta sexta-feira (30), apresenta panoramas que se diferenciam pelo grau de avanço ou não de reformas econômicas e seus impactos na população brasileira. As estimativas, a taxa de crescimento média anual do produto interno bruto (PIB) e o PIB per capita brasileiro pode variar até 3,5 pontos percentuais entre o pior e o melhor cenário.
O diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea e um dos autores do estudo, José Ronaldo Souza Júnior, explica que a análise serve como uma avaliação do custo-benefício e os riscos da realização de reformas econômicas no país. “Nossa intenção é mostrar ao cidadão os impactos das medidas econômicas que estão em debate, de forma que isso lhe permita refletir sobre quais são as alternativas vão impactar efetivamente a sua vida e o seu custo para a sociedade”.
A pesquisa estabelece as projeções para os três cenários. No pior deles, de desequilíbrio fiscal, não teria a aprovação das reformas necessárias para a estabilização das contas públicas, como uma reforma da segurança social, por exemplo. O teto do gasto público não seria respeitado e das contas públicas tornaram-se em trajetória ascendente, com desconfiança crescente dos investidores sobre a capacidade do Brasil de honrar seus compromissos. Nesse contexto, as projecções indicam uma probabilidade superior a 50% da eclosão de uma crise de financiamento da dívida em algum momento entre 2020 e 2031, o que poderia resultar em um calote da dívida pública.
Apesar de que as autoridades reduzam os demais gastos públicos, as altas taxas de juro exigidas pelos investidores expandiriam os gastos públicos totais e comprimiriam da atividade econômica do país, mostra a análise. O resultado estimado é de perda acumulada do PIB per capita na faixa de 7% para os próximos quatro anos, associada a altas taxas de juros, aumento dos impostos e as medidas de ajuste fiscal de curto prazo. Para o diretor-adjunto de Macroeconomia do Ipea e um dos autores do estudo, o Quadro de Cavalcanti, as ações de curto prazo não são capazes de reverter a trajetória de deterioração fiscal e o aumento da probabilidade de ocorrência de uma crise. “Apenas medidas que ataquem os problemas estruturais das contas públicas é que podem fazer isso”, salienta.
Segundo o estudo, o investimento sustentável do aumento da dívida pública só será possível com a contenção estrutural do crescimento das despesas. Neste caso, o que vai impactar fortemente as projeções será a implantação ou não de reformas microeconômicas. “Enquanto que a realização das reformas macrofiscais permite a retomada do crescimento econômico brasileiro, a taxa de crescimento será proferida por reformas microeconômicas”, explica Souza Júnior.
No chamado cenário de referência, que considera apenas a adoção de mudanças macroeconômicas – os ajustes que reduzam o crescimento das despesas obrigatórias –, o PIB per capita aumentaria um crescimento de 1,6%. a., chegando a um crescimento acumulado de 21,2% entre 2019 e 2031. A taxa de crescimento médio do PIB no período foi de 2,2%. a. A taxa de investimento média seria de 18% do PIB, a proporção de investimento em infra-estrutura, correspondendo a 10% do total e um crescimento nulo da produtividade total.
Para o cenário mais otimista, chamado transformador, no qual o governo aprovaria todas as reformas necessárias para equilibrar as contas públicas e para alcançar um crescimento económico sustentável, seria possível pensar em flexibilização da regra fiscal sobre os tetos de gasto público (da Emenda Constitucional nº 95) ao final de 10 anos, ou seja, em 2026. As taxas de crescimento médias do PIB e do PIB per capita no período seriam, respectivamente, de 4,0%. e 3,4%. a. Em termos acumulados, o PIB cresceria 60,9% entre 2019 e 2031, enquanto que o PIB per capita cresceria 49,7%.
A taxa de investimento média alcançou um aumento de 19,5% do PIB, e a proporção de investimento em infra-estrutura corresponde a 18,5% do total, com o crescimento da produtividade total de 0,5%. a. “É possível estimar que, em um cenário otimista, com os níveis de escolaridade da população da terceira idade, teria uma taxa mais elevada de participação no mercado de trabalho”, ressalta Souza Júnior. A pesquisa do Ipea faz parte de um conjunto de estudos preparatórios para a formulação da Estratégia Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Endes).
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Fonte: ascoferj.com.br/noticias/estudo-de-ipea-projeta-cenários-macroeconomicos-ate-2031