‘Um cérebro doente limita mais a vida que o câncer’ ” Panorama Farmacêutico – Imã de geladeira e Gráfica Mavicle-Promo

Quando se fala em neurociências na Argentina e outros países da região um dos primeiros nomes que nos vem à cabeça (oops!) é o Facundo Manes. Espécie de mestre do cérebro em sua terra, o pesquisador nasci doem Quilmes tem uma carreira que já cruzou fronteiras, através da publicação de livros e conferências (muitas delas, para as multidões) para falar sobre o que ele define como “o órgão social mais complexo do universo”. Licenciou-Se em Medicina na Universidade Nacional de Buenos Aires (UBA), com estudos de pós-graduação na universidade de Cambridge, Manes está à frente do Instituto de Neurologia Cognitiva (INECO) e presidente da Sociedade Internacional de Demências Frontotemporais. Ele estuda o cérebro, com a certeza de que as doenças são hoje o maior mal que assola a Humanidade. —Um cérebro doente, limita-se muito mais a vida de uma pessoa do que qualquer outra doença, inclusive o câncer”, disse o neurocientista em uma entrevista com a GLOBO, que também dá dicas para um cérebro saudável: aprender coisas novas até o final da vida e de ter vínculos positivos em humanos, entre outros.

 

Quais foram as principais descobertas da neurociência nos últimos anos?

Estudar o cérebro é uma prioridade nos países mais desenvolvidos do mundo. Uma das coisas mais importantes que se descobriu em um estudo realizado na Universidade de Harvard, é que somos seres sociais e precisamos estar conectados com outros seres humanos. A solidão é um fator de mortalidade importante, mais do que o alcoolismo, a obesidade ou a poluição. Também foi confirmado que a base do cérebro temos circuitos relacionados com as recompensas, o que nos dá prazer. Quando sentimos esse prazer, ativam-se os mesmos neurotransmissores que quando consumimos drogas. Realizar atos altruístas nos dá prazer. Não podemos dizer que a sensação é exatamente a mesma, mas liberar dopamina, que é o neurotransmissor do prazer.

 

Como definiria o cérebro?

Como um órgão social, o mais complexo do universo. Não podemos entender o cérebro de forma isolada, porque muda o tempo todo com base em nossas relações.

 

Como a neurociência ajuda as pessoas a viver melhor?

Hoje em dia as doenças do cérebro são as que mais limitam a vida das pessoas, e a neurociência está abrindo as portas para os casos de mal de Alzheimer, a depressão, doença de Parkinson e a ansiedade, entre outras. Hoje em dia a grande maioria das consultas é a ansiedade, o estresse e a insônia crônica, são coisas que mudam a vida. E conviver com pessoas que sofrem destas doenças, também gera stress.

 

Por que, no caso das demências e de pacientes com Alzheimer, são produzidos alguns estalos, algumas lembranças inesperadas?

O mal de Alzheimer é a morte progressiva de neurônios que afeta a memória, algumas das funções cognitivas, emoções e comportamentos. O primeiro desgaste ocorre com as duas estruturas profundas, os hipocampo, que contêm a memória de curto prazo. A memória mais antiga é a última coisa que se perde. E alguns elementos provocam conexões, como canções e emoções.

 

Como se cuida do cérebro?

Fazendo exercício físico. Trata-Se de um grande sedativo, e reforça o pensamento criativo. A vida social é importante, nós temos que estar ativos mentalmente, ao final, aprender coisas novas, como um instrumento. O sonho protege o cérebro. É essencial ter vínculos sociais positivos.

 

Depois de tudo, nós amamos com o cérebro ou com o coração?

Hoje sabemos que o amor é um processo mental sofisticado. O amor é um estado mental subjetivo, que consiste na combinação de emoções, motivações e funções cognitivas complexas. Dizer que amamos com o coração é romântico, mas a verdade é que o coração não é a origem da emoção. Na verdade, sofre com ela.

 

É verdade que nós usamos apenas 10% do nosso cérebro?

Isso é absolutamente falso. Costumo dizer que quem diz isso é quem usa 10% do seu cérebro (risos).

O senhor fez uma pesquisa sobre o cérebro dos garçons e criou a chamada “técnica Tortoni” (em referência ao famoso Café Tortoni em Buenos Aires. De que se trata? Estava no Café Tortoni com uns amigos e começamos a nos perguntar como os funcionários podiam se lembrar de tantos pedidos, sem marcar. Fizemos uma pesquisa para entender qual era a estratégia deles para lembrar bebidas e refeições associadas às pessoas que as pediram. Fomos várias vezes ao Tortoni e outros bares e o que fazíamos era mudar de mesa depois de fazer o pedido. O que acontecia na maioria dos casos, era que os garçons trouxeram o pedido correto, mas se entregavam a pessoa errada. Entendemos que o segredo da memória do garçom sei associar o rosto da pessoa para o lugar em que estava sentada. Se uma das variáveis é alterada, os garçons muitas vezes erram. Foi um trabalho original, já que saímos do laboratório.

 

Os filmes de o senhor recomendaria para quem se interessa pelo cérebro?

O filme “o estudante Mente” é interessante e faz uma apresentação criativa de muitos conceitos da psicologia cognitiva e da neurociência. A produção simplifica algumas coisas, mas é um esforço interessante de descrever como funciona o nosso cérebro. Já a série “The Big Bang Theory” tem ajudado a ciência entrar em muitas casas. Isso leva muito nosso trabalho e nos dá visibilidade.

 

Qual é o impacto das novas tecnologias no cérebro?

Essa é uma pergunta que não podemos responder. As tecnologias são recentes, e ainda é difícil saber o seu impacto no longo prazo. As novas tecnologias não vão gerar, por exemplo, um novo lóbulo cerebral. Mas, sim, podemos refletir sobre algumas questões, como o chamado “multi-tasking”, ou seja, a realização de várias tarefas ao mesmo tempo. Deteriora o desempenho e reduz o nível de atenção.

 

As redes sociais são prejudiciais neste sentido?

O não uso moderado das redes sociais pode gerar ansiedade. Claro que as redes não são os culpados. O que acontece é que as pessoas que já tinham predisposição a sofrer, por exemplo, a ansiedade acentuarão o seu problema. Muitos dizem que a internet se enfraquece a memória, mas não é bem assim. A memória não é um banco de dados, sua principal função é relacionar os dados que podem ser obtidos em um computador ou em um livro. Entre os adultos, o uso moderado de tecnologia é fascinante. No caso de crianças é mais delicado, porque o cérebro acaba de amadurecer entre os 20 e os 25 anos. É importante que as crianças tenham tempo para cansar e sonhar.

 

“A série “The Big Bang Theory” tem ajudado a ciência entrar em muitas casas. Isso impulsiona o nosso trabalho enosdá visibilidade”

 

“As pesquisas mostram que precisamos estar conectados com outros humanos. A solidão é um fator de mortalidade importante, mais do que o alcoolismo, a obesidade ou a poluição”

Fonte: Mundo

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Fonte: panoramafarmaceutico.com.br/2019/04/22/um-cérebro-doente-limita-mais-a-vida-do-que-o-cancer

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